92 99407-3840

Final da Eurocopa opõe o melhor futebol, da Espanha, à efetividade da Inglaterra

Uma discussão que permeia o futebol espanhol até hoje é a comparação entre as versões da seleção que conquistou os dois últimos dos três títulos continentais do país. O time inventivo e brilhante de Luis Aragonés em 2008 versus a encarnação já campeã do mundo que aliava volume e controle de jogo com letalidade de Vicente del Bosque, em 2012. Depois de 12 anos desta última conquista, a Espanha volta a uma final de Euro com um time jovem e que combina algumas das características que se desenvolveram naquela escola para apresentar o futebol mais vistoso do torneio. Hoje, na final, em Berlim, às 16h, tenta vencer uma Inglaterra de narrativa oposta e que busca seu primeiro troféu: disciplinada e pragmática, mas eficiente — não por acaso, faz sua segunda final consecutiva.

Se naquele ciclo a Espanha conseguiu aproveitar ao máximo uma equipe que tinha nomes como Xavi, Iniesta e Fábregas, e faz o mesmo com a atual geração, os ingleses e a comunidade do futebol mundial ainda vivem sob a impressão de que uma safra de atletas ampla e privilegiada é subaproveitada. Esta é a principal crítica ao técnico Gareth Southgate.

Numa seleção que pode se dar ao luxo de deixar de fora nomes como Rashford e Grealish, a expectativa é que um setor ofensivo com Harry Kane, Bellingham e Phil Foden entregue performances dominantes. Não foi o caso dessa Euro: os ingleses chegam à final com apenas sete gols marcados, mesmo que sejam a terceira equipe que mais fica com a bola (58,8% de posse média) e a que mais troca passes. Ganhou apenas uma na fase de grupos e sofreu contra Eslováquia e Suíça.

Southgate admitiu o peso das críticas e defendeu o crescimento em mentalidade de sua equipe:

— Pela idade deste elenco e a experiência que têm agora, vão continuar com essa confiança por um bom tempo. Isso deve colocar a Inglaterra em um bom lugar, mas estamos falando do futuro.

O técnico tem contrato até dezembro. Apesar da vontade da Federação Inglesa de que permaneça, ele ainda não tomou a decisão. Pesam a seu favor, apesar das críticas, as campanhas de semifinal na Copa de 2018, final na Euro de 2020 e quartas no mundial de 2022. Antes dele, os ingleses viviam um jejum de 20 anos sem ir a uma semi.

Reencontro com a identidade

Enquanto Southgate deu a entender que sua equipe colherá frutos à frente, a Espanha consegue viver o “agora”. Desde a queda na fase de grupos da Copa de 2014, a seleção se livrou de uma espiral de caos. De demissão de técnico às vésperas do mundial de 2018 à ida e volta de Luis Enrique, a Fúria não passou das oitavas das Copas que disputou.

A semifinal da Euro de 2020, com o próprio Luis Enrique, tinha sido o melhor desempenho até aqui, e o que mais evoluiu a equipe. De lá para cá, uma nova geração de meias e pontas habilidosos — como Rodri, Dani Olmo e Nico Williams — vêm devolvendo aos espanhóis a capacidade de controlar o jogo que tanto gostam.

Com Luis de La Fuente, ex-técnico das categorias de base, o fenômeno Lamine Yamal, autor de três passes para gol, começa a despontar de vez. E veio o gatilho que faltava: a eficiência. São 13 gols marcados (melhor ataque) de uma Espanha que eliminou a anfitriã Alemanha e chega como favorita à decisão.

*Extra

Compatilhe